Segundo longa-metragem do
premiado diretor Sebastián Lelio, Navidad
(Natal), foi exibido na edição de 2009 do Festival do Rio e em Cannes, sendo
recebido com aplausos e elogios por onde passou e conquistando o prêmio de
melhor direção em Viña del Mar, também em 2009. O sucesso desse longa, no
entanto, não chegou nem próximo do seu antecessor La Sagrada Família
(2006).
Alejandro
(Diego Ruiz) e Aurora (Manuela Martelli) são um jovem casal em crise no
relacionamento, que decidem passar a noite de natal exilados na abandonada casa
de campo do falecido pai de Aurora. Nos arredores da casa, eles encontram
Alicia (Alicia Rodriguez), uma adolescente que acabou de fugir da casa dos
pais. Decidida a não retornar, Alicia passará a noite de natal com o casal, o
que potencializará a crise vivida por cada um dos personagens, impelindo a uma
mudança radical em suas vidas.
A
princípio, quando estamos assistindo ao filme, podemos pensar que o natal é
apenas um plano de fundo para os eventos que se dão com os três personagens.
Entretanto, o sentido cristão da data, seja ligado a uma idéia de nascimento ou
renascimento, tanto quanto o sentido religioso-católico (momento de reflexão e
mudança), está muito presente na trama por meio dos acontecimentos. O filme
retrata um movimento que poderíamos chamar de dialético, não só para o casal,
mas para todos os envolvidos. Alejandro é um jovem atormentado pelas indecisões
próprias de um momento de transição etária e não tem mais certeza do que sente
por Aurora. Aurora é mais segura e transpira maior maturidade, mas possui
duvidas relativas a sua própria sexualidade. A noite de natal na casa de campo
torna-se uma encruzilhada: a presença de Alicia, com seus próprios problemas,
funciona como mola propulsora para a reflexão e a tomada de decisões.
O filme conta com uma bela fotografia, mas o
destaque parece mesmo ficar com a atuação de Manuela Martelli, que nos faz ter
uma empatia muito forte com o personagem Aurora. Vale ressaltar que o filme
conta com algumas metáforas bem sutis que dão um toque especial na experiência
de assisti-lo, especialmente nas cenas finais.
Nota: 8,0