Terceiro longa da
cineasta Alícia Scherson (Play, Turistas), Il Futuro (O Futuro) é uma
co-produção Chile-Itália-Alemanha-Espanha, contando com um elenco misto e muito
interessante. O filme, atualmente está sendo exibido em vários festivais, como
em Sundance e no Festival do Rio (onde tive oportunidade de assistir).
Bianca (Manuela Martelli) e Tomás (Luigi Ciardo) são
irmãos e perdem os pais em um trágico acidente de carro. Vivendo em Roma, os
dois jovens precisam encarar a vida sozinhos e acabam se envolvendo com dois
homens, colegas de academia de Tomás, que passam a viver na mesma casa. Logo,
ambos traçam um plano envolvendo Bianca: a jovem deveria se envolver com Masciste
(Rutger Hauer), um ex-ator, que naquele momento vivia isolado em uma mansão , e
descobrir onde o idoso guarda suas economias para assim promover um roubo que
mudaria as suas vidas. Tendo aceito o desafio, Bianca é oferecida como garota de
programa ao ex-ator, que passa a vê-la quase todos os dias.
O filme aborda o problema da solidão no seu sentido mais
terrível: quando nos vemos a sós por meio da morte de pessoas que amamos e
dependemos. De maneira inquietantemente
fiel à realidades similares a essa vivida pelos personagens, o filme consegue
abordar o momento de “vácuo” entre o passado e o futuro, especialmente na alma
da personagem Bianca. O filme todo se passa no ponto de vista de Bianca, que se
vê forçada pelas circunstâncias em empreender uma viagem dolorosa rumo a um
futuro completamente imprevisível. Nesse sentido, a própria experiência com
Masciste por ser vista como uma metáfora de uma das muitas transições que
compõem esse momento.
O filme possui muitas metáforas, como a do excesso de luz
no apartamento, logo no início. Contudo isso não dificulta a compreensão da estória,
pelo contrário, coloca o espectador em intimidade com os sentimentos e o
psicológico da personagem principal. Aliás, é um filme bastante psicológico,
porém é de uma leveza notável, ainda mais pelo tema que aborda. As atuações de
Manuela Martelli e Rutger Hauer são o ponto alto da trama. Sem dúvida é o
melhor dos três longas de Alícia Scherson e um dos melhores filmes chilenos da
atualidade.
Nota: 10,0