Vamos inaugurar as postagens no blog com esse filme, que já se tornou um clássico da nova safra do cinema chileno. En la Cama (Na Cama) é o segundo filme do diretor chileno Matias Bize, uma co-produção Chile-Alemanha que recebeu dezenas de prêmios nacionais e internacionais, tais como nos festivais de Viña del Mar, Locarno, Valladolid, além da indicação ao Goya em 2006. Foi esse filme que deu fama internacional a Bize e o tornou um dos mais conhecidos e prestigiados cineastas chilenos da atualidade.
O filme se passa inteiramente dentro de um quarto de motel e gira em torno das ações dos personagens Daniela (Blanca Lewin) e Bruno (Gonzalo Valenzuela). Ambos teriam se conhecido em uma festa, onde houve toda a química e consequente decisão de ir a um motel. As “ações” não podem ser entendidas apenas como a prática sexual, pois ela ocorre em alguns momentos ao longo do filme, mas é apenas o pano de fundo para o agir destes dois personagens em um microcosmo. Na cama é donde amas, donde soñas, donde engañas, e, portanto, o espectador deve estar atento à sutileza dos diálogos, dos olhares, das expressões corporais, para mergulhar nos sonhos, contradições, conflitos e sentimentos dos personagens, em grande parte corporificados nas muitas perguntas que trocam mutuamente.
Nos primeiros 5 ou 10 minutos você pode pensar que não vai conseguir ver um filme com apenas dois personagens em apenas um ambiente. Mas essa expectativa negativa é rapidamente frustrada devido ao dinamismo das ações, das diversas situações e pelo jogo de tomadas das câmeras. Em diversos momentos essa ebulição e mistura de sonhos, amor e mentira levam a situações inusitadas que tem poder de segurar a atenção do espectador pelo suspense que promove: a cena de Daniela dançando ao som da musica Herida, do grupo Supernova, é talvez, um dos pontos altos dessa grande mistura, estando longe de ser o aparente momento flash-back de um doce e inocente romantismo adolescente. Mas pouco a pouco a vida íntima e cotidiana de ambos os personagens vão se descortinando e não só seus corpos ficam nus, mas também, seus espíritos.
A análise de gênero contida nas entrelinhas de En la Cama e a genialidade como foi conduzida a trama, tornam esse filme obrigatório para quem gosta de assistir bons filmes. A fórmula usada por Bize é tão boa que surgiram vários outros filmes imitando de maneira explícita ou sutil a mesma fórmula (o que não é o caso de citarmos os nomes aqui). Esse filme é obrigatório também para quem quer conhecer mais sobre os filmes do diretor Matias Bize, pois é um marco importante em suas obras por conter características fortemente presentes em suas produções posteriores.
Nota: 10,0
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