Sabe aquele filme que você escuta
boas indicações, mas sempre adia o momento de vê-lo e quando finalmente assiste
pergunta-se sobre o motivo de não tê-lo visto antes? Então, é o meu caso com
Paréntesis (Parênteses), de Pablo Solís e Francisca Schweitzer. Apesar de ter
ouvido boas indicações, o filme foi exibido em alguns festivais sem ter,
contudo, levado muitos prêmios conforme outros filmes comentados aqui no blog.
Camilo
(Francisco Pérez-Bannen) é um jovem de 28 anos que mora sozinho em seu
apartamento, trabalha em uma vídeo-locadora, é viciado em remédios e tem pouco
interesse em tomar as rédeas de sua vida ou pensar em um futuro melhor. Sua
namorada, Pola (Sigrid Alegría), insatisfeita com essa situação e com as
atitudes imaturas de Camilo decide pedir um tempo de uma semana para repensar o
relacionamento. Em meio à tristeza em ver-se sozinho e aos encontros com um
amigo mais velho que adora distribuir livros de auto-ajuda, Camilo conhece
Mikela (Carolina Castro), uma menina de 16 anos, recém-saída de um hospício,
que transformará esse tempo longe de Pola em um dos mais felizes de sua vida.
O filme tem
início no momento da briga entre Camilo e Pola, ou seja, toda estória é
centrada na semana dada por Pola para repensar seu relacionamento (daí o nome Parênteses enquanto metáfora que funciona muito bem). As cores das roupas dos
protagonistas, os jogos de câmera e a trilha sonora funcionam como metáforas
que dão um toque especial no clima das situações vividas pelos
personagens.
Apesar de
comovente, é um filme bastante leve e muito diferente das produções chilenas de
maior sucesso da década passada, seja pela temática, como também pela abordagem.
Difícil não apaixonar-se pela personagem Mikela, muito bem interpretada por
Carolina Castro (particularmente me lembrei da Katrim, personagem de Bertold
Brecht, na peça Mãe Coragem e Seus Filhos). Considero uma belíssima produção
que agrada pelo frescor de sua mensagem, pelo realismo de sua estória e
vivacidade de cores.
Nota: 9,5