De Jueves a Domingo (De Quinta a Domingo) é o
primeiro longa-metragem da diretora e roteirista Dominga Sotomayor e
conseguiu razoável projeção nacional e internacional, sendo
premiado nos festivais de Rotterdam, Granada, Indie Lisboa e outros.
No Brasil, foi exibido na edição 2012 do Festival do Rio.
O filme começa com
Lúcia (Santi Ahumada) e Manuel (Emiliano Freifeld) saindo para uma
viagem com os pais Fernando (Francisco Pérez-Bannen) e Ana (Paola
Giannini). Aparentemente o casal está em vias de se separar, mas
decidiram fazer uma viagem com os filhos de modo a tentar uma
reaproximação. Contudo, de quinta a domingo (período da viagem) ambos se desentendem,
encontram o que parece ser um amante de Ana e expõem os desgastes da
relação. O filme todo passa-se sob a ótica de Lúcia, a filha mais
velha com 10 anos de idade, que passa a maior parte do tempo no banco traseiro do carro.
De Jueves a Domingo
passa-se como uma metáfora, aliás, mais do que uma metáfora, uma
forte provocação ao distanciamento dos pais frente aos filhos, ou
dos adultos frente as crianças. Crianças são membros da família,
mas são como se não o fossem. São tratados como um lado dependente
e externo que não partipa e não deve partilhar dos “assuntos de
adultos”, muito embora sofram a violencia dessa exclusão em temas
tão caros para sí próprios (nesse caso, a separação dos pais).
Essa condição fica muito clara na cena em que Lúcia e Manuel
viajam irresponsávelmente no teto do carro enquanto os pais brigam
no interior do veículo. A canção entoada pelo casal e seus amigos
no camping também trazem para primeiro plano o emocional por detrás da
separação entre adultos e crianças, do ponto de vista da menina
Lúcia:
para no pensar en ti
Quiero dormir profundamente
y no despertar llorando
con la pena de no verte
Quiero dormir cansado
y no despertar jamas
Quiero dormir eternamente
porque estoy enamorado
Y ese amor no me comprende."
Quiero dormir profundamente
y no despertar llorando
con la pena de no verte
Quiero dormir cansado
y no despertar jamas
Quiero dormir eternamente
porque estoy enamorado
Y ese amor no me comprende."
Esqueça o que realmente
se passa entre o casal e no seu entorno. Todo o filme gira em torno
do olhar de Lúcia, que é muito bem retratado por meio dos momentos
mais metafóricos da obra. É um filme dificil para quem não é
acostumado com uma pegada mais experimental. Tirando alguns cortes
meio abruptos de cena, é um lindo filme que, sem dúvida, vale muito
a pena ser assistido.
Nota: 8,5
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