Primeiro
longa-metragem da diretora e professora da Universidad de Chile Alicia
Scherson, Play foi uma aposta, um tanto ousada, que rendeu exibições e alguns prêmios
internacionais, como nos festivais de Tribeca e Montreal.
Cristina
(Viviana Herrera) é uma jovem que vem do interior e estabelece morada em
Santiago, onde trabalha cuidando de um senhor doente. Em dado momento, Cristina
encontra Tristán (Andrés Ulloa) e o vê perdendo uma pasta. Daí têm início uma
verdadeira devassa silenciosa que Cristina realiza na vida íntima de Tristán. A
jovem o segue constantemente sem ser notada e vai descobrindo em Tristán um
homem que busca incessantemente respostas e saídas para sua crise conjugal e
existencial. Enquanto o segue, a jovem vai conhecendo-se a si mesma e aprendendo
a inserir-se melhor na caótica, poluída e (por que não?) decadente Santiago do
Chile.
O filme nos instiga a pensar sobre as diferenças entre o interior e as grandes cidades,
seja em termos de realidade física ou em termos existenciais e temporais. A
cidade grande é onde está concentrada as maiores características da
modernidade (com seu lado encantador e também sombrio), havendo sempre uma idéia
do grandioso que sufoca, polui, isola e encarcera, mantendo um ambiente de
crise. Play também é um filme sobre maturidade e escolhas, fugas e perplexidade
ante o cotidiano da vida moderna.
Play é bem
diferente de tudo o que estava sendo produzido na época, o que dá um toque a
mais de experimentalismo. A temática é válida, e a abordagem Pop com ingredientes
sonoros sutis é interessantíssima. Entretanto, o filme acaba pecando por uma
certa densidade que o torna difícil, e em alguns momentos até maçante. O
destaque positivo fica para a fotografia, uma verdadeira obra prima que dá um
toque muito especial e marcante à experiência de assisti-lo.
Nota:
6,5
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