Como eu escrevi na descrição do blog,
eventualmente seriam feitos comentários sobre filmes não produzidos no Chile. É
o caso de Eros: Una Vez María, filme mexicano dirigido por Jesús Megaña Vázquez
e que é a primeira produção não-chilena a ser comentada aqui no blog.
Tonatiuh
(Julio Bracho) é um homem atormentado pelas lembranças que tem de sua noiva,
María (Ana Serradilla) que cometeu suicídio recentemente. Como forma de tentar
sanar o vazio provocado pela violenta perda, Tonatiuh sai com diversas mulheres
de nome María tentando encontrar em cada uma delas as características de sua
amada.
Ao
longo do filme fica evidente para o espectador que nem todas as “Marías” com que
ele transa ou se relaciona, são de fato pessoas do seu meio social. Na maioria
das cenas com as diversas Marías (desde a psicóloga até a prostituta contratada
em momento de forte carência), o que temos são metáforas dos pensamentos,
alucinações, situações reais, sonhos e condições existenciais do protagonista.
O problema é que essas cenas entrelaçam-se a ponto mesmo de ser difícil
compreender o que é metáfora ou não no desenrolar dos acontecimentos. Mesmo a
trilha sonora é confusa, pelo menos até os quinze minutos finais da trama,
quando fica explícito que as Marias que mais aparecem no filme representam
dialeticamente o passado, o presente e o futuro. Dessa forma, a estória é
centrada na trajetória existencial de um homem que acabou de perder de forma
trágica a mulher amada.
Eros:
Una Vez María, é arte para poucos. Sua lógica um tanto kafkiana e dialética
torna a experiência de assisti-lo extremamente cansativa, embora o final seja
um dos mais emocionantes que eu particularmente já vi. Quando o assisti, muitos
dos espectadores levantaram-se e foram embora durante a exibição, mas os que
ficaram aplaudiram de pé o resultado. É o tipo de filme que você odeia ou gosta
muito. Eu, particularmente, recomendo.
Nota: 8,0