sábado, 18 de agosto de 2012

El Chacotero Sentimental (1999)


            

            Esse, sem dúvida, é um dos mais importantes clássicos do cinema chileno. Dirigido por Cristián Galaz e contando com um elenco muito interessante, El Chacotero Sentimental (O Coringa Sentimental) foi um dos primeiros filmes da era pós-Pinochet a atingir relativo êxito no cenário mundial, conquistando diversos prêmios nacionais (como em Viña del Mar) e internacionais (Toulousse, Chicago, Bogotá, etc.). 

          O filme é baseado em fatos reais e relatos difundidos no programa de rádio El Chacotero Sentimental, sucesso na década de 1990. Rumpy (Roberto Artiagoitía) é quem apresenta o programa de rádio e escuta os relatos de pessoas com conflitos sentimentais ou problemas emocionais, que telefonam para o programa em busca de conselhos ou para desabafar e relatar suas aventuras. O filme apresenta três relatos diferentes de pessoas com diferentes níveis socioeconômicos.

            A proposta do filme é traçar uma pequena radiografia da sociedade chilena, mostrando alguns dos dilemas morais enfrentados pelos personagens. O espectador acaba sendo apresentado a uma sociedade com forte apelo sexual que entra em constante contradição com certos aspectos conservadores que permeiam essa mesma sociedade. É um filme com uma proposta ousada, mas que acaba pecando pela pretensão e por difundir alguns clichês. Dos três casos apresentados, dois são de pessoas de camadas menos favorecidas da população e um de alta classe média. Enquanto nos dois casos o apelo sexual possui conotação positiva pela simplicidade, leveza e aspecto cômico, o outro caso mostra um lado sombrio dessa mesma moeda, quando duas irmãs se veem em posição antagônica devido a um caso de incesto que perdura anos. Ou seja, o filme acaba flertando com uma dicotomia simplista sobre o comportamento de pessoas ricas e pobres, algo que será desconstruído anos mais tarde em filmes como B-Happy

            Acredito ser um erro, classificar esse filme como sendo do gênero comédia. É um filme que pode fazer rir, chorar e depois rir novamente, e o espectador deve estar pronto para encarar esses momentos de “montanha russa” onde intercala-se a comédia e o drama. É um filme que recomendo para quem tem interesse nas produções da América Latina, especialmente por ser um clássico da década de 1990.                

Nota: 5,0