sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Paréntesis (2005)

 

            Sabe aquele filme que você escuta boas indicações, mas sempre adia o momento de vê-lo e quando finalmente assiste pergunta-se sobre o motivo de não tê-lo visto antes? Então, é o meu caso com Paréntesis (Parênteses), de Pablo Solís e Francisca Schweitzer. Apesar de ter ouvido boas indicações, o filme foi exibido em alguns festivais sem ter, contudo, levado muitos prêmios conforme outros filmes comentados aqui no blog.
           
            Camilo (Francisco Pérez-Bannen) é um jovem de 28 anos que mora sozinho em seu apartamento, trabalha em uma vídeo-locadora, é viciado em remédios e tem pouco interesse em tomar as rédeas de sua vida ou pensar em um futuro melhor. Sua namorada, Pola (Sigrid Alegría), insatisfeita com essa situação e com as atitudes imaturas de Camilo decide pedir um tempo de uma semana para repensar o relacionamento. Em meio à tristeza em ver-se sozinho e aos encontros com um amigo mais velho que adora distribuir livros de auto-ajuda, Camilo conhece Mikela (Carolina Castro), uma menina de 16 anos, recém-saída de um hospício, que transformará esse tempo longe de Pola em um dos mais felizes de sua vida.






O filme tem início no momento da briga entre Camilo e Pola, ou seja, toda estória é centrada na semana dada por Pola para repensar seu relacionamento (daí o nome Parênteses enquanto metáfora que funciona muito bem). As cores das roupas dos protagonistas, os jogos de câmera e a trilha sonora funcionam como metáforas que dão um toque especial no clima das situações vividas pelos personagens. 

Apesar de comovente, é um filme bastante leve e muito diferente das produções chilenas de maior sucesso da década passada, seja pela temática, como também pela abordagem. Difícil não apaixonar-se pela personagem Mikela, muito bem interpretada por Carolina Castro (particularmente me lembrei da Katrim, personagem de Bertold Brecht, na peça Mãe Coragem e Seus Filhos). Considero uma belíssima produção que agrada pelo frescor de sua mensagem, pelo realismo de sua estória e vivacidade de cores.

Nota: 9,5

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Joven y Alocada (2011)



             Joven y Alocada (Young & Wild: as aventuras de uma ninfomaníaca) é o primeiro longa-metragem de Marialy Rivas e vem conquistando importantes prêmios internacionais como em San Sebastián e Sundance. Recentemente também foi exibido no Festival de Berlin e no Festival do Rio (onde tive oportunidade de assisti-lo). 

           Daniela (Alicia Rodriguez) é uma jovem de 17 anos que teve uma rígida criação no seio de sua família evangélica. A rebeldia e a frustração, próprias de sua idade, a leva viver uma vida pautada em aventuras sexuais que são narradas em um blog. Uma dessas aventuras é descoberta e a menina é expulsa do colégio e proibida pela família de prestar o vestibular. Como castigo, sua mãe (Aline Kuppenheim), impõe que a jovem trabalhe em uma emissora que produz programas gospel, onde ela conhece Tomás (Felipe Pinto) e Antônia (Maria Gracia Omegna). A relação com Tomás e Antônia, potencializará os questionamentos existenciais de Daniela, intensificando também as suas experiências individuais frente à vida.  

        O filme é bastante crítico e, sobretudo, provocador. A intenção é gerar incômodo e debate sobre temas diversos que aparecem interligados na trama como sexualidade, morte, maturidade e religião. Os momentos de humor são estratégicos e tem êxito em aliviar a pressão sobre o modo como são questionados o modo de vida e as contradições presentes nas idéias e cotidiano das famílias evangélicas. Nesse sentido, os questionamentos de uma jovem de 17 anos, ou seja, um indivíduo no limite entre a adolescência e a fase adulta cai perfeitamente bem para que esse tema possa ser abordado, em conjunção com o tema da sexualidade. O filme, contudo, acaba tendo uma grande capacidade de fazer pensar sobre temas que nem são os focos principais da estória.

            Joven y Alocada é baseado no blog de mesmo nome, escrito por uma adolescente com as mesmas características da personagem Daniela. A temática do filme pode não agradar a qualquer pessoa e é bom ressaltar que as cenas de sexo tanto hétero como homo abundam, apesar de eu achar tudo muito bem feito e sem exageros. Vale muito a pena ser visto principalmente pela sua belíssima fotografia, pela fantástica trilha sonora (que inclui até belas musicas no estilo gospel), e pelo elenco de peso que reúne: Aline Kuppenheim, Maria Gracia Omegna, Alicia Rodriguez (cuja atuação me surpreendeu muito), Andrea García-Huidobro, Catalina Saavedra e etc. 

Nota: 8,0