sábado, 26 de maio de 2012

La Nana (2009)




        La Nana (A criada) é o segundo filme de Sebástian Silva e foi muito aplaudido pela crítica nacional e internacional. La Nana acumulou diversos prêmios internacionais, como nos Festivais de Sundance, Miami e Cartagena de Indias. Essa resenha escrevo em homenagem a minha professora de espanhol, Karen, que foi quem me apresentou esse filme. 

        Raquel (Catalina Saavedra) trabalha em regime de “dedicação exclusiva” como empregada doméstica em uma casa de classe média alta. Há 23 anos trabalhando e dormindo na casa dos patrões, Raquel não namorou, não casou, não teve filhos, não saiu, não viveu nada do que poderia ter vivido dedicando-se integralmente aos patrões e aos filhos dos patrões. Esse cotidiano fez com que sua saúde entrasse em colapso e, por essa razão, os patrões cogitam contratar outra empregada que a ajude nos afazeres domésticos. É o início de uma desesperada luta empreendida por Raquel contra toda e qualquer pessoa que possa representar uma ameaça ao seu lugar de empregada da família. Tudo isso, no entanto, muda quando os patrões contratam Lucy, uma pessoa que conseguirá conquistar a confiança de Raquel e promover mudanças em sua vida. 

        La Nana é um filme sobre a decadência existencial promovida pelo cotidiano de trabalho e nos faz pensar sobre as antigas e atuais formas de relaçõs de trabalho. A crítica social a mentalidade burguesa é forte. Apesar da temática delicada, La Nana consegue ser muito leve e entreter com divertidas seqüências tragicômicas, sendo difícil caracterizar esse filme como um drama ou uma comédia. A atuação de Catalina Saavedra é fantástica, mas o resto do elenco, especialmente Claudia Celedon e Andrea Garcia-Huidobro também surpreendem positivamente. Eu indico La Nana a todos que gostam de se divertir vendo um bom filme.        

Nota: 10,0

Lo bueno de Llorar (2006)





Lo Bueno de Llorar (O bom de chorar) é um filme de Matias Bize, produzido na Espanha, e que segue uma linha que guarda algumas semelhanças com sua produção anterior. Apesar de bem menos premiado e conhecido (especialmente aqui no Brasil e no Chile) do que os badalados En La Cama e o recente La Vida de Los Peces, a produção teve exibições em alguns festivais incluindo o Festival do Rio.  

Em uma escura, fria e úmida Barcelona, um casal (interpretados por dois atores espanhóis: Vicenta Ndongo e Alex Brendemühl) estão em vias de término de um longo relacionamento. Do restaurante, eles seguem pelas ruas, lembrando do passado, sentindo a angustia do presente e silenciando sobre um futuro incerto.

Todo o filme passa-se durante uma noite. Apesar de haver outros protagonistas secundários e figurantes (em espaço físico muito maior do que no quarto de motel do En La Cama) Bize escolheu novamente um evento de curta duração para abordar de maneira profunda uma outra face das relações de gênero. Contudo, a atmosfera de Lo Bueno de Llorar é completamente distinta do filme anterior, pois o silencio, os olhares e atitudes dominam todo o filme, promovendo uma angustia que acompanha a todo o tempo o expectador. 

Muitos acreditam que Lo Bueno de Llorar foi uma reação ao seu filme anterior, resultando numa completa antítese, até mesmo em termos de qualidade. Se o expectador for com idéia de encontrar uma produção tão boa quanto a anterior, ou melhor, vai se decepcionar. Os diálogos são escassos o que torna o filme mais difícil, especialmente para quem não é acostumado. Os pontos positivos ficam para a trilha sonora que, ao meu ver, amarra perfeitamente o expectador à atmosfera dos acontecimentos e para a metáfora da ultima cena do filme. . .

 Nota 7,0

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Play (2005)



Primeiro longa-metragem da diretora e professora da Universidad de Chile Alicia Scherson, Play foi uma aposta, um tanto ousada, que rendeu exibições e alguns prêmios internacionais, como nos festivais de Tribeca e Montreal.

Cristina (Viviana Herrera) é uma jovem que vem do interior e estabelece morada em Santiago, onde trabalha cuidando de um senhor doente. Em dado momento, Cristina encontra Tristán (Andrés Ulloa) e o vê perdendo uma pasta. Daí têm início uma verdadeira devassa silenciosa que Cristina realiza na vida íntima de Tristán. A jovem o segue constantemente sem ser notada e vai descobrindo em Tristán um homem que busca incessantemente respostas e saídas para sua crise conjugal e existencial. Enquanto o segue, a jovem vai conhecendo-se a si mesma e aprendendo a inserir-se melhor na caótica, poluída e (por que não?) decadente Santiago do Chile.


O filme nos instiga a pensar sobre as diferenças entre o interior e as grandes cidades, seja em termos de realidade física ou em termos existenciais e temporais. A cidade grande é onde está concentrada as maiores características da modernidade (com seu lado encantador e também sombrio), havendo sempre uma idéia do grandioso que sufoca, polui, isola e encarcera, mantendo um ambiente de crise. Play também é um filme sobre maturidade e escolhas, fugas e perplexidade ante o cotidiano da vida moderna.


Play é bem diferente de tudo o que estava sendo produzido na época, o que dá um toque a mais de experimentalismo. A temática é válida, e a abordagem Pop com ingredientes sonoros sutis é interessantíssima. Entretanto, o filme acaba pecando por uma certa densidade que o torna difícil, e em alguns momentos até maçante. O destaque positivo fica para a fotografia, uma verdadeira obra prima que dá um toque muito especial e marcante à experiência de assisti-lo.  
         

    Nota: 6,5