terça-feira, 8 de outubro de 2013

Il Futuro (2013)



            
            Terceiro longa da cineasta Alícia Scherson (Play, Turistas), Il Futuro (O Futuro) é uma co-produção Chile-Itália-Alemanha-Espanha, contando com um elenco misto e muito interessante. O filme, atualmente está sendo exibido em vários festivais, como em Sundance e no Festival do Rio (onde tive oportunidade de assistir).

            Bianca (Manuela Martelli) e Tomás (Luigi Ciardo) são irmãos e perdem os pais em um trágico acidente de carro. Vivendo em Roma, os dois jovens precisam encarar a vida sozinhos e acabam se envolvendo com dois homens, colegas de academia de Tomás, que passam a viver na mesma casa. Logo, ambos traçam um plano envolvendo Bianca: a jovem deveria se envolver com Masciste (Rutger Hauer), um ex-ator, que naquele momento vivia isolado em uma mansão , e descobrir onde o idoso guarda suas economias para assim promover um roubo que mudaria as suas vidas. Tendo aceito o desafio, Bianca é oferecida como garota de programa ao ex-ator, que passa a vê-la quase todos os dias.

            O filme aborda o problema da solidão no seu sentido mais terrível: quando nos vemos a sós por meio da morte de pessoas que amamos e dependemos.  De maneira inquietantemente fiel à realidades similares a essa vivida pelos personagens, o filme consegue abordar o momento de “vácuo” entre o passado e o futuro, especialmente na alma da personagem Bianca. O filme todo se passa no ponto de vista de Bianca, que se vê forçada pelas circunstâncias em empreender uma viagem dolorosa rumo a um futuro completamente imprevisível. Nesse sentido, a própria experiência com Masciste por ser vista como uma metáfora de uma das muitas transições que compõem esse momento.

            O filme possui muitas metáforas, como a do excesso de luz no apartamento, logo no início. Contudo isso não dificulta a compreensão da estória, pelo contrário, coloca o espectador em intimidade com os sentimentos e o psicológico da personagem principal. Aliás, é um filme bastante psicológico, porém é de uma leveza notável, ainda mais pelo tema que aborda. As atuações de Manuela Martelli e Rutger Hauer são o ponto alto da trama. Sem dúvida é o melhor dos três longas de Alícia Scherson e um dos melhores filmes chilenos da atualidade.   


Nota: 10,0