quarta-feira, 27 de junho de 2012

Violeta se Fue a Los Cielos (2011)




Dirigido pelo premiado diretor chileno Andrés Wood (o mesmo diretor de Machuca), com uma co-produção argentina e brasileira, Violeta se Fue a Los Cielos (Violeta foi para o Céu) conta a trajetória de vida e artística de Violeta Parra, grande nome da cena artística do Chile e apontada como fundadora da musica popular chilena. O filme vem sendo bem aplaudido pela crítica e conquistou alguns importantes prêmios, como o de “melhor filme” na edição 2012 do Festival de Sundance.
O filme é baseado na biografia escrita pelo filho de Violeta Parra, Ángel Parra, e não segue a linha convencional utilizada por outros filmes do gênero. A entrevista dada a uma emissora televisiva serve de fio condutor para seguir sua trajetória desde a dramática infância. Desse modo, não há uma linearidade no filme, sendo abarcado, na verdade, vários momentos importantes da obra de Violeta Parra, revelando as muitas dimensões de sua vida pública: desde a cantora de musicas populares em pequenas festas no interior do Chile, sua militância pela valorização da cultura popular no país, sua estadia na Polônia Soviética e França, mantendo contato com intelectuais de esquerda, e seus feitos enquanto artista plástica. Misturado às dimensões da vida pública, o espectador é apresentado às dimensões de sua vida particular e dos seus sentimentos, numa tentativa de apreender as contradições, angustias, inquietações e paixões que dominavam a alma da artista. 


            Mais do que a trajetória artística de Violeta Parra, o filme nos trás a trajetória de sua alma sofrida. Esqueça aqueles filmes biográficos chatíssimos que, carregados de ideologias, clichês e etc., exaltam e romanceiam o biografado por causa de suas origens humildes ou história de superação e sucesso (que, para piorar, podem trazer um fantasioso e nauseante final feliz). Nessa obra, o que temos é uma descrição densa da alma inquieta da biografada e de vários momentos de sua vida que são fundamentais para entender quem foi Violeta Parra. As metáforas abundam ao longo do filme e são reforçadas por uma belíssima fotografia e pela fantástica atuação de Francisca Gavilán (que guarda muitas semelhanças físicas com a própria Violeta Parra). A trilha sonora é recheada de belíssimas musicas cantadas pela própria Violeta e encontram-se em perfeita sintonia com as cenas. É um filme que torna-se referência importante sobre sua vida e obra, ousando aprofundar-se em seus conflituosos sentimentos, dando um toque poético especial, sem deixar de manter-se realista e convincente. 


          Nota: 10,0

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