domingo, 23 de fevereiro de 2014

Historias de Fútbol (1997)

      
      
      Primeiro longa-metragem da consagrada carreira de Andrés Wood, Historias de Fútbol (Histórias do Futebol ou Soccer Stories) teve projeção internacional e pode ser considerado atualmente um clássico do cinema chileno por ter alcançado relativo sucesso no Chile.

       Historias de Fútbol narra três diferentes contos que tem em comum o futebol e a paixão que esse esporte suscita em adultos e crianças. Na primeira estória temos um artilheiro de um pequeno time local que é aliciado pelo cartola do time adversário que seu clube enfrentará na final do campeonato. Na segunda estória, o plano de fundo é um jogo importante onde times grandes se enfrentam. Algumas crianças tentam assistir a partida no estádio, mas são barradas por não terem ingresso. Mas a bola oficial do jogo sai do estádio e cai onde os meninos estão, e a questão que fica é: quem é, de fato, o dono da bola? A última estória gira em torno de um jovem da capital, isolado no interior do país, que busca desesperadamente uma forma de assistir a partida da seleção chilena contra a Alemanha.  Enquanto isso, duas solteironas disputam quem vai iniciar sexualmente o garoto e ter como troféu a iniciação de um jovem da capital.

        Embora seja um filme despretencioso se comparado as demais produções de Andrés Wood, Historias de Fútbol já antecipa algumas tendências do diretor em sua predileção por temas que envolvem contradições sociais e dilemas éticos em conjunto com aspectos socioeconômicos que oprimem, corrompem e impelem os indivíduos. Essas tendências podem ser vistas especialmente nas duas primeiras estórias. Contudo, o amor ao futebol é enfatizado de maneira positiva, podendo superar por um lado a corrupção que vem pelo poder e dinheiro, mas não a solidariedade que une ou deve unir as pessoas. 

          Na atual conjuntura, especialmente no Brasil, a forma como a paixão pelo futebol é positivada no filme pode parecer ilusória e causar incômodo. Especialmente devido à violência promovida por torcidas organizadas nos estádios e fora deles, além do próprio poderio econômico e político dos grandes clubes que incentivam atos políticos bizarros, como a promoção da Copa do Mundo. Porém, o ponto mais fraco, sem dúvida, fica por conta do papel da mulher frente a paixão dos homens pelo futebol. Seja na posição de esposa desiludida, mãe severa ou solteirona fogosa, elas permanecem à margem no filme, reforçando o estereótipo da mulher que não gosta de futebol e não entende a paixão dos homens por esse esporte.

         Ainda assim, recomendamos o filme pela forma despretensiosa como se apresenta, por conseguir prender a atenção do espectador e por ser um clássico chileno. Contudo, é obra para puro entretenimento. Se assistir o filme pensando nas produções recentes de Andrés Wood, o risco de decepção é grande.  


Nota: 4,5


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