quarta-feira, 4 de abril de 2012

En la Cama (2005)


             Vamos inaugurar as postagens no blog com esse filme, que já se tornou um clássico da nova safra do cinema chileno. En la Cama (Na Cama) é o segundo filme do diretor chileno Matias Bize, uma co-produção Chile-Alemanha que recebeu dezenas de prêmios nacionais e internacionais, tais como nos festivais de Viña del Mar, Locarno, Valladolid, além da indicação ao Goya em 2006. Foi esse filme que deu fama internacional a Bize e o tornou um dos mais conhecidos e prestigiados cineastas chilenos da atualidade.

         O filme se passa inteiramente dentro de um quarto de motel e gira em torno das ações dos personagens Daniela (Blanca Lewin) e Bruno (Gonzalo Valenzuela). Ambos teriam se conhecido em uma festa, onde houve toda a química e consequente decisão de ir a um motel. As “ações” não podem ser entendidas apenas como a prática sexual, pois ela ocorre em alguns momentos ao longo do filme, mas é apenas o pano de fundo para o agir destes dois personagens em um microcosmo. Na cama é donde amas, donde soñas, donde engañas, e, portanto, o espectador deve estar atento à sutileza dos diálogos, dos olhares, das expressões corporais, para mergulhar nos sonhos, contradições, conflitos e sentimentos dos personagens, em grande parte corporificados nas muitas perguntas que trocam mutuamente.

            Nos primeiros 5 ou 10 minutos você pode pensar que não vai conseguir ver um filme com apenas dois personagens em apenas um ambiente. Mas essa expectativa negativa é rapidamente frustrada devido ao dinamismo das ações, das diversas situações e pelo jogo de tomadas das câmeras. Em diversos momentos essa ebulição e mistura de sonhos, amor e mentira levam a situações inusitadas que tem poder de segurar a atenção do espectador pelo suspense que promove: a cena de Daniela dançando ao som da musica Herida, do grupo Supernova, é talvez, um dos pontos altos dessa grande mistura, estando longe de ser o aparente momento flash-back de um doce e inocente romantismo adolescente. Mas pouco a pouco a vida íntima e cotidiana de ambos os personagens vão se descortinando e não só seus corpos ficam nus, mas também, seus espíritos.

           A análise de gênero contida nas entrelinhas de En la Cama e a genialidade como foi conduzida a trama, tornam esse filme obrigatório para quem gosta de assistir bons filmes. A fórmula usada por Bize é tão boa que surgiram vários outros filmes imitando de maneira explícita ou sutil a mesma fórmula (o que não é o caso de citarmos os nomes aqui). Esse filme é obrigatório também para quem quer conhecer mais sobre os filmes do diretor Matias Bize, pois é um marco importante em suas obras por conter características fortemente presentes em suas produções posteriores.

Nota: 10,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário